sábado, 27 de junho de 2015

26 DE JUNHO - DIA INTERNACIONAL DE COMBATE ÀS DROGAS

10 a 15% da população nasce com predisposição a desenvolver algum tipo de dependência química

Determinado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internacional de Combate às drogas é comemorado no dia 26 de junho. Diante do contexto em que vivemos, é possível perceber que o uso indevido de drogas ganhou proporções tão grandes no país que já se tornou um grave problema de saúde pública, se alastrando também para outros segmentos da sociedade devido aos malefícios relacionados, como os diferentes tipos de violência e acidente e o aumento da criminalidade, por exemplo.

Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontam para o aumento do número de afastamentos a trabalhadores pelo uso de álcool e outras drogas no Brasil. Os auxílios saltaram de 126,5 mil, em 2012, para 135 mil, em 2013.  O álcool foi o principal responsável pelos benefícios concedidos, passando de 12.055, em 2009, para 14.420, em 2013, o que representa um crescimento de 19%. Em segundo lugar, a dependência de cocaína atingiu a marca de 8.541 auxílios em 2013.

Dados publicados pelo jornal Folha de S. Paulo, em novembro de 2014, mostram que o número de mortes no trânsito no Brasil diminuiu 10% em 2013, queda que não acontecia desde 1998. A redução coincide com o primeiro ano de vigência da Lei Seca mais rigorosa, que dobrou o valor das multas, o que ratifica a forte relação entre álcool e direção. No entanto, apesar da queda, o trânsito brasileiro ainda se apresenta bastante violento. A média é de 20 mortes por 100 mil habitantes, índices bem diferentes dos países desenvolvidos, cuja média é oito

As pesquisas também apontam para a precocidade e o aumento do uso e abuso do álcool e outras drogas. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2012), do IBGE, realizada com escolares de 13 a 15 anos, mostra que 66% dos entrevistados já haviam testado o álcool. O indicador foi maior na Região Sul (76,9%). Quando se trata de episódios de embriagues (21% dos escolares), novamente a Região Sul se destaca, com 27,4%; assim como quando se fala no maior consumo atual de maconha, com 3,6%, os maiores percentuais. Isso se repete a respeito das demais drogas ilícitas, como cocaína, crack, cola, loló, lança perfume e ecstasy.

Do total dos escolares, 7,3% já fizeram uso de alguma droga ilícita, apontando os maiores índices para as Regiões Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8,8%). Segundo os Municípios das Capitais, Florianópolis apresentou o maior índice (17,5%), seguida de Curitiba (14.4%). Outro dado importante da pesquisa é a experimentação, uso e abuso cada vez mais precoces: 2,6% dos escolares de 15 anos que usaram drogas, o fizeram antes dos 13, sendo que 4,4% desse total são da Região Sul, o maior percentual.

Diante dessa realidade, antes de lutar contra as drogas, é preciso lidar com as causas que levam os indivíduos ao consumo e dependência. Culturalmente, consumir bebida alcoólica é aceitável e, até mesmo, familiar. De acordo com a diretora da Clínica de Recuperação Nova Esperança, Aracélis Canelada Copedê, cerca de 10 a 15% da população nasce com uma predisposição a desenvolver algum tipo de dependência química. “Como não tem como saber quem tem essa predisposição ou não, a melhor maneira de combate é a prevenção. O consumo do álcool, por exemplo, só deveria acontecer após os 18 anos. Depois da maioridade, o uso seria consciente das consequências”.

A dependência química é uma doença que afeta o indivíduo nos aspectos físico, emocional e social, atinge todas as faixas de idade e classes sociais e prejudica não apenas o dependente, mas também a sua família, amigos e comunidade. “Por isso que falamos que a dependência química não é contagiosa, mas sim contagiante”.

Conforme o médico psiquiatra da Clínica, José Leão de Carvalho Junior, as drogas mais utilizadas são o álcool e a maconha. Em seguida vem a cocaína e, depois, as “sintéticas” (ecstasy e outros derivados da anfetamina, LSD). Quando há a dependência química destas substâncias, aumenta a probabilidade do desenvolvimento de determinadas doenças, além dos demais danos, como prejuízo nos relacionamentos familiares, afetivos, profissionais e sociais. “Talvez o maior malefício da dependência química seja o futuro do indivíduo, que certamente é prejudicado ou encurtado”, ressalta o médico, que destaca ainda algumas doenças ocasionadas pelo uso abusivo do álcool e maconha:

Álcool - depressão, demências, psicoses, transtorno bipolar, transtornos de personalidade, doenças sexualmente transmissíveis, sequelas de traumas e acidentes, esofagite, varizes de esôfago, gastrite, úlcera gástrica e duodenal, enterites, hepatite tóxica, esteatose, cirrose hepática, ascite, pancreatite, diabetes, hipertensão arterial, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, acidente vascular cerebral, hemorroidas, varizes de membros inferiores, cânceres do sistema digestivo, câncer de fígado, câncer de pâncreas, disfunção erétil, etc.

Maconha: depressão, demências, psicoses, transtorno bipolar, transtornos de ansiedade, transtornos de personalidade, doenças sexualmente transmissíveis, sequelas de traumas e acidentes,  infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, acidente vascular cerebral, disfunção erétil, esterilidade masculina,  bronquite, enfisema pulmonar, câncer de pulmão, etc.