terça-feira, 3 de novembro de 2015

Álcool e outras drogas no ambiente escolar

A escola é um espaço propício à circulação de drogas e, ao mesmo tempo, um lugar privilegiado para o desenvolvimento da prevenção.


O uso indevido de álcool e outras drogas é uma questão complexa e está relacionada a diversos segmentos da sociedade. Quando as substâncias invadem o ambiente escolar, é preciso atenção e trabalho em conjunto, envolvendo a instituição, família, profissionais de saúde e comunidade, evitando que a responsabilidade caia apenas em uma das partes. A escola, como espaço de convivência, é um lugar propício à circulação das drogas. Mas, por outro lado, é um lugar certeiro para a aplicação de ações preventivas.

Consequências do uso indevido de drogas nas escolas
José Leão de Carvalho Junior, médico psiquiatra da Clínica de Recuperação Nova Esperança, explica que o uso, abuso e dependência de drogas em adolescentes estão relacionados a vários fatores, como faltas, baixo desempenho e abandono escolar, por exemplo. Em relação aos danos educacionais, a droga mais evidente é a maconha, por provocar lesões cerebrais precocemente: começa afetando a memória e a capacidade de manter a atenção e concentração; com a progressão, gradativamente, a capacidade de raciocinar vai sendo prejudicada.
O crack é muito mais lesivo, mas vale lembrar que quem é usuário de crack já é dependente de outra droga (álcool, maconha ou cocaína inalada), e o desenvolvimento escolar, na maioria dos casos, já está prejudicado quando o indivíduo começa o uso. A dependência química é uma doença complexa e afeta outras questões, que vão além das educacionais, como o surgimento ou agravamento de diversas doenças e os diferentes tipos de violência e acidente.
A falta de conhecimento, associada aos prejuízos causados pela doença da dependência química, contribui para a disseminação do preconceito, que acarreta na falta de motivação para a busca por ajuda e início de um tratamento. “A maioria das pessoas enxerga o uso de drogas como falta de força de vontade ou de caráter. É preciso entender que a dependência química é uma doença que tem e precisa de tratamento”, conceitua Aracelis Canelada Copedê, diretora geral da Clínica.
Copedê aponta também outros fatores agravantes relacionados à presença das drogas nas escolas contemporâneas, tais como: o uso por alunos e professores; contextos social e cultural (a sociedade é permissiva em relação ao uso do álcool, inclusive com campanhas publicitárias que ainda associam o consumo da bebida alcoólica ao sucesso, felicidade e saúde); falta de ações preventivas e conhecimento no assunto no ambiente escolar; sentimento de ameaça dos profissionais da educação; falta de viaturas nas escolas que atuem de maneira protetiva; e o preconceito com a doença.

Região Sul se destaca nas pesquisas
Dados apontam para a precocidade e o aumento do uso e abuso de drogas, revelando que a primeira experimentação ocorre antes dos 13 anos. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2012), do IBGE, realizada com escolares de 13 a 15 anos, mostra que 66% dos entrevistados já haviam testado o álcool. O indicador foi maior na Região Sul (76,9%).
Quando se trata de episódios de embriagues (21% dos escolares), novamente a Região Sul apresenta os maiores percentuais, com 27,4%; assim como quando se fala no maior consumo de maconha, com 3,6%. Isso se repete a respeito das demais drogas ilícitas, como cocaína, crack, cola, loló, lança perfume e ecstasy. Do total dos escolares, 7,3% já fizeram uso de alguma droga ilícita, apontando os maiores índices para as Regiões Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8,8%).
Já nos Municípios das Capitais, Florianópolis apresentou o maior índice (17,5%), seguida de Curitiba (14.4%). A pesquisa também mostra que a experimentação, uso e abuso são cada vez mais precoces: 2,6% dos escolares de 15 anos que usaram drogas, o fizeram antes dos 13, sendo que 4,4% desse total são da Região Sul, o maior percentual. Diante dos dados, fica evidente a complexidade da questão, que envolve uma combinação entre as drogas e a adolescência, uma fase da vida repleta de transformações e dúvidas.

Medidas preventivas na educação
Diante do contexto atual, a informação é uma das principais ferramentas para combater o problema. Sendo assim, a equipe terapêutica da Clínica Nova Esperança está promovendo encontros com profissionais da educação, com o objetivo de trocar ideias e experiências sobre as ações preventivas que podem ser empreendidas nas escolas, o papel que a educação escolar pode assumir, fatores que possam dificultar o desenvolvimento da prevenção no ambiente escolar, entre outros assuntos. Mais informações em www.clinicanovaesperanca.com.br ou pelo telefone (41) 3244-4155.