quinta-feira, 12 de junho de 2014

Dos gols aos goles

Em clima de Copa do Mundo, dependentes químicos têm grandes chances de recair.


Em época de Copa do Mundo, assim como em outras datas festivas, os profissionais da Clínica Nova Esperança intensificam o trabalho de prevenção à recaída. Com razão, pois toda comemoração envolve costumes, sendo a maioria baseada na ingestão de bebidas alcóolicas. Em meio às ansiedades, torcida e clima de festa durante a Copa, os dependentes químicos em recuperação têm grandes chances de voltar a adoecer.

A Copa do Mundo pode ser uma grande chance para se divertir reunindo amigos e familiares para assistir os jogos. Mas pode ser também ser um passo à recaída. Por isso, no “Grupo de Prevenção à Recaída”, da Clínica Nova Esperança, que acontece todas as segundas-feiras às 15h, os terapeutas discutem com os pacientes e familiares qual é melhor maneira de evitar uma recaída.  Entre as orientações dos profissionais estão: reunião com amigos e família sem bebida alcóolica; evitar lugares, hábitos e pessoas que possam oferecer bebidas ou que provoque o desejo de beber; assistir aos jogos, de preferência, com grupos de pessoas que saibam de seu tratamento; comemorar as vitórias com moderação, sem entrar na euforia; realizar leitura, participar dos grupos e procurar não se testar, entre outros.

Para os pacientes em tratamento, a Copa pode apresentar a oportunidade para reforçar o pensamento de recuperação, abstinência total e como é possível festejar sem bebida alcóolica. Na luta pela manutenção da abstinência, a equipe terapêutica estimula o grupo a fortalecer seu propósito, renovar o compromisso consigo mesmo e com a família. Compartilhar as dificuldades e anseios no ambiente familiar é mais uma forma de ter o apoio da família, que, por sua vez, deve ser solidária, evitando o álcool nos eventos. Tanto o paciente como a família, deve agradecer por mais um dia de abstinência, celebrando a sua vitória na recuperação.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Álcool, o “vilão legal”

O consumo de drogas e álcool aumenta a cada dia, tornando-se um problema social, pois as consequências do uso e abuso das substâncias estão relacionadas a diversos fatores. O álcool é uma substância lícita, mas não deixa de ser uma droga que, como tantas outras, acarreta inúmeros problemas. Podemos considerá-lo também como a porta de entrada para as demais drogas ilícitas. As crianças e adolescentes, geralmente, começam a beber nas próprias casas ou muito próximo a elas. Por isso, o desafio é grande, pois lidamos com um “vilão” legalmente permitido. São poucos os que se preocupam quando um filho adolescente chega em casa alcoolizado. Já se tiver vestígios de uma substância ilícita, a conduta de pais, amigos, professores, etc., é diferente.
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2012) do IBGE, realizada com escolares de 13 a 15 anos, mostra que o contato com o álcool acontece cada vez mais cedo. Do total, 66,6% já haviam experimentado alguma bebida alcoólica e 21,8% já tiveram casos de embriaguez. Vale ressaltar que 31,7% dos adolescentes de 15 anos afirmaram ter ingerido a primeira dose com 13 anos ou menos A região Sul se destacou na maioria dos indicadores, apresentando índices maiores do que em outras regiões do país. A Organização Mundial da Saúde apontou que, no Brasil, cerca de 3,3 milhões de pessoas morreram em 2012 em decorrência do abuso do álcool.
Os dados acima são apenas alguns dos que aparecem nas várias pesquisas que apontam um resultado em comum: o uso e abuso de álcool e outras drogas estão aumentando e surgindo cada vez mais precoce. É o que vemos acontecer na Clínica Nova Esperança no decorrer dos anos. A partir do final dos anos 1990 e início do século XXI, cada vez menor foi ficando a idade dos pacientes que já se apresentavam dependentes. Já recebemos pacientes muito comprometidos de 12 e 13 anos. Hoje, a maioria deles é dependente de múltiplas drogas. Inclusive, com o advento do crack a estrutura física da Clínica teve que ser remodelada. Sendo assim, hoje, lidamos com uma população mais agressiva e com síndrome de abstinência mais dolorosa. Atualmente, os casos de pacientes que chegam em estado de surto psicótico é grande em todas as faixas etárias.

A raiz do problema é o abuso do álcool, inclusive entre crianças e adolescentes. A dependência química é uma doença que afeta o indivíduo nos aspectos físico, emocional e social. Sabe-se que de 10 a 15% da população mundial nascem com uma predisposição genética a desenvolver a dependência química. Portanto, teremos um desafio muito grande a encarar no tocante à prevenção do uso e abuso do álcool.