quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

18 de fevereiro - Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo

O álcool é uma droga lícita, mas não deixa de ser uma droga.

No contexto atual em que vivemos, o álcool aparece, na maioria das vezes, relacionado ao sucesso, felicidade e bem-estar, contribuindo para uma sociedade extremamente permissiva em relação ao uso da substância. O álcool é uma droga lícita, mas não deixa de ser uma droga, que, como tantas outras, causa graves consequências. Seu uso indevido está relacionado a diferentes questões e afeta os indivíduos nos aspectos físico, social e emocional. 

Fatores culturais influenciam o uso do álcool, mostrando que o problema é antigo. A partir do procedimento de destilação das bebidas, surgem também as complicações, já que o teor alcoólico passou a ser mais alto. Em seguida, com a Revolução Industrial, a fabricação passa a ser em série e, como o período era de mudanças comportamentais, começam também os problemas decorrentes dos abusos. Desde então, o consumo do álcool vem aumentando. A Clínica Nova Esperança, em 27 anos de história, já recebeu mais de 5.500 pacientes em regime de internamento, sendo o álcool a raiz do problema para 70% do total.

O álcool é uma substância com uma grande capacidade de difusão nos tecidos biológicos, podendo provocar doenças ou disfunções em todos os órgãos humanos, de acordo com José Leão de Carvalho Junior, médico psiquiatra da Clínica. E, por alterar seriamente o funcionamento cerebral, afeta determinadas funções, como o equilíbrio, a coordenação motora, o ritmo cardíaco, o funcionamento de certas glândulas, entre outras.

Um dos principais fatores que motiva o uso indiscriminado do álcool é justamente o comportamento da sociedade, que o usa com muita permissividade. “É muito comum crianças de 10 anos já terem experimentado o álcool e com 12 ou 13 já estarem fumando maconha”, adverte Aracélis Copedê, diretora da Nova Esperança. 

Dados mostram que o consumo de álcool acontece cada vez mais cedo. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), 2012, do IBGE, realizada com escolares de 13 a 15 anos, aponta que 66,6% dos entrevistados já haviam experimentado alguma bebida alcoólica e 21,8% já tiveram casos de embriaguez. 31,7% dos adolescentes de 15 anos ingeriram a primeira dose com 13 anos ou menos. A Organização Mundial da Saúde apontou que cerca de 3,3 milhões de pessoas morreram em 2012 em decorrência do abuso do álcool no Brasil.

Diante da preocupante realidade, é importante ressaltar que lares, escolas e empresas são ambientes propícios para diálogos, trocas de informações e ações preventivas. É preciso que a sociedade discuta mais a respeito do álcool e outras drogas para melhor compreender a dimensão do problema. A prevenção é importante para que as próximas gerações se formem de maneira mais consciente.







sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Cuidado com o álcool e outras drogas no Carnaval

Profissionais da Clínica Nova Esperança chamam atenção para a noção das festividades em torno do álcool

Passagem de ano, férias e Carnaval fazem parte de um período do ano bastante agitado, repleto de festas e comemorações. E como toda celebração envolve costumes, a maioria regada a bebidas alcoólicas, alguns cuidados são essenciais. Para ter uma ideia, a Clínica Nova Esperança, nos 27 anos de existência atendendo dependentes químicos, já recebeu aproximadamente 5.500 internamentos. Do total, mais de 70% dos pacientes começaram a dependência com o álcool.

Os dados apontam para a precocidade e o aumento do uso e abuso do álcool no Brasil. A PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) de 2012, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizada com escolares de 13 a 15 anos, mostra que 66% dos entrevistados já haviam testado o álcool. O indicador foi maior na Região Sul (76,9%). Quando se trata de episódios de embriagues (21% dos escolares), novamente a Região Sul se destaca, com 27,4%; assim como quando se fala no maior consumo atual de maconha, 3,6%, os maiores percentuais. Isso se repete a respeito das demais drogas ilícitas, como cocaína, crack, cola, loló, lança perfume e ecstasy. Do total dos escolares, 7,3% já fizeram uso de alguma droga ilícita, com os maiores índices nas Regiões Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8,8%). Segundo os Municípios das Capitais, Florianópolis apresentou o maior índice (17,5), seguida de Curitiba (14.4%). Outro dado importante da pesquisa é a experimentação, uso e abuso cada vez mais precoces: 2,6% dos escolares de 15 anos que usaram drogas fizeram antes dos 13, sendo que 4,4% do total são da Região Sul, o maior percentual. 

Aracélis Canelada Copedê, diretora da Clínica, ressalta que é preciso cautela nas proximidades de datas comemorativas. É importante evidenciar a associação fatídica de que uma droga leva a outra e que, para a prevenção e combate às drogas ilícitas, é necessário repensar a política e a noção das festividades em torno das drogas lícitas, em especial o álcool.

Assim como a dependência química é uma doença que afeta o indivíduo nos aspectos físico, psicológico e social, os efeitos do álcool e outras drogas estão associados a diversas outras questões, como os vários tipos de violência e acidente, por exemplo. Dados publicados pela Folha de S. Paulo, em novembro de 2014, mostram que o número de mortes no trânsito no Brasil diminuiu 10% no ano anterior, queda que não acontecia desde 1998. O que chama atenção é que a redução coincide com o primeiro ano de vigência da Lei Seca mais rigorosa, que dobrou o valor das multas, o que nos faz perceber a forte relação entre álcool e direção. No entanto, apesar da queda, o trânsito brasileiro ainda se apresenta bastante violento. A média é de 20 mortes por 100 mil habitantes, índices bem diferentes dos países desenvolvidos, que apresentam uma média de oito.

Neste contexto, ganha relevância o fato de que vivemos em uma sociedade permissiva em relação ao uso do álcool, com campanhas publicitárias que ainda associam o consumo da bebida alcoólica ao sucesso, felicidade e bem-estar. É preciso cautela, atenção e moderação na ingestão do álcool ao participar de eventos festivos. Há inúmeras formas de entretenimento desassociadas ao hábito de consumo que podem muito bem divertir e ainda estimular outras formas de prazer. Sim, é possível comemorar sem a presença de drogas.