O ano de 2014 está no fim e 2015 chegando. Essa época de
final de ano torna-se agitada e repleta de festas e comemorações. E como toda
celebração envolve costumes, tendo forte presença do álcool, alguns cuidados
são essenciais. Para ter uma ideia, a Clínica Nova Esperança, nos 25 anos de
existência atendendo dependentes químicos, já recebeu aproximadamente 5.200
pacientes. Deste total, mais de 60% começaram sua dependência com o álcool.
Os dados mais recentes apontam para a precocidade e o
aumento do uso e abuso do álcool. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
(2012), do IBGE, realizada com escolares de 13 a 15 anos, mostra que 66% dos
entrevistados já haviam testado o álcool. O indicador foi maior na Região Sul
(76,9%). Quando se trata de episódios de embriagues (21% dos escolares),
novamente a Região Sul se destaca, com 27,4%; assim como quando se fala no
maior consumo atual de maconha, com 3,6%, os maiores percentuais. Isso se
repete a respeito das demais drogas ilícitas, como cocaína, crack, cola, loló,
lança perfume, ecstasy. Do total dos escolares, 7,3% já fizeram uso de alguma
droga ilícita, apontando os maiores índices para as Regiões Centro-Oeste (9,3%)
e Sul (8,8%). Segundo os Municípios das Capitais, Florianópolis apresentou o
maior índice (17,5), seguida de Curitiba (14.4%). Outro dado importante da
pesquisa é a experimentação, uso e abuso cada vez mais precoces: 2,6% dos
escolares de 15 anos que usaram drogas, o fizeram antes dos 13, sendo que 4,4%
desse total são da Região Sul, o maior percentual.
Sendo assim, é preciso cautela nas proximidades dessas datas
comemorativas, já que consumidores lotam as lojas a procura de vinhos,
cervejas, champagne, entre outras bebidas alcóolicas para regar as reuniões
familiares. Nesse contexto, é importante evidenciar a associação fatídica de
que uma droga leva a outra e que, para a prevenção e combate às drogas
ilícitas, é necessário repensar a política e a noção das festividades em torno
das drogas lícitas, em especial o álcool.
Assim como a dependência é uma doença que afeta o indivíduo
nos aspectos físico, psicológico e social, os efeitos do álcool e outras drogas
estão associados a diversas outras questões, como os vários tipos de violência
e acidentes de trânsito, entre outros fatores. Dados publicados pelo jornal
Folha de S. Paulo mostram que o número de mortes no trânsito no Brasil, por
exemplo, diminuiu 10% no ano passado, queda que não acontecia desde 1998. O que
nos chama atenção é que a redução coincide com o primeiro ano de vigência da
Lei Seca mais rigorosa, que dobrou o valor das multas, o que nos faz perceber a
forte relação entre álcool e direção. No entanto, apesar da queda, o trânsito
brasileiro ainda se apresenta bastante violento. A média é de 20 mortes por 100
mil habitantes, índices bem diferentes dos países desenvolvidos, cuja média é
oito.
Nesse contexto, ganha relevância o fato de que vivemos numa
sociedade permissiva em relação ao uso do álcool, inclusive com campanhas
publicitárias que ainda associam o consumo da bebida alcóolica ao sucesso,
felicidade e bem estar. Portanto, vamos sim comemorar o Natal, réveillon,
formaturas, festas de empresas, reuniões com amigos, etc. porque merecemos
coroar nossas vidas com a alegria da jornada de mais um ano cumprido. Porém,
vamos moderar muito no consumo das bebidas e de outras drogas.
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