sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Cuidado com o álcool e outras drogas no Carnaval

Profissionais da Clínica Nova Esperança chamam atenção para a noção das festividades em torno do álcool

Passagem de ano, férias e Carnaval fazem parte de um período do ano bastante agitado, repleto de festas e comemorações. E como toda celebração envolve costumes, a maioria regada a bebidas alcoólicas, alguns cuidados são essenciais. Para ter uma ideia, a Clínica Nova Esperança, nos 27 anos de existência atendendo dependentes químicos, já recebeu aproximadamente 5.500 internamentos. Do total, mais de 70% dos pacientes começaram a dependência com o álcool.

Os dados apontam para a precocidade e o aumento do uso e abuso do álcool no Brasil. A PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) de 2012, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizada com escolares de 13 a 15 anos, mostra que 66% dos entrevistados já haviam testado o álcool. O indicador foi maior na Região Sul (76,9%). Quando se trata de episódios de embriagues (21% dos escolares), novamente a Região Sul se destaca, com 27,4%; assim como quando se fala no maior consumo atual de maconha, 3,6%, os maiores percentuais. Isso se repete a respeito das demais drogas ilícitas, como cocaína, crack, cola, loló, lança perfume e ecstasy. Do total dos escolares, 7,3% já fizeram uso de alguma droga ilícita, com os maiores índices nas Regiões Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8,8%). Segundo os Municípios das Capitais, Florianópolis apresentou o maior índice (17,5), seguida de Curitiba (14.4%). Outro dado importante da pesquisa é a experimentação, uso e abuso cada vez mais precoces: 2,6% dos escolares de 15 anos que usaram drogas fizeram antes dos 13, sendo que 4,4% do total são da Região Sul, o maior percentual. 

Aracélis Canelada Copedê, diretora da Clínica, ressalta que é preciso cautela nas proximidades de datas comemorativas. É importante evidenciar a associação fatídica de que uma droga leva a outra e que, para a prevenção e combate às drogas ilícitas, é necessário repensar a política e a noção das festividades em torno das drogas lícitas, em especial o álcool.

Assim como a dependência química é uma doença que afeta o indivíduo nos aspectos físico, psicológico e social, os efeitos do álcool e outras drogas estão associados a diversas outras questões, como os vários tipos de violência e acidente, por exemplo. Dados publicados pela Folha de S. Paulo, em novembro de 2014, mostram que o número de mortes no trânsito no Brasil diminuiu 10% no ano anterior, queda que não acontecia desde 1998. O que chama atenção é que a redução coincide com o primeiro ano de vigência da Lei Seca mais rigorosa, que dobrou o valor das multas, o que nos faz perceber a forte relação entre álcool e direção. No entanto, apesar da queda, o trânsito brasileiro ainda se apresenta bastante violento. A média é de 20 mortes por 100 mil habitantes, índices bem diferentes dos países desenvolvidos, que apresentam uma média de oito.

Neste contexto, ganha relevância o fato de que vivemos em uma sociedade permissiva em relação ao uso do álcool, com campanhas publicitárias que ainda associam o consumo da bebida alcoólica ao sucesso, felicidade e bem-estar. É preciso cautela, atenção e moderação na ingestão do álcool ao participar de eventos festivos. Há inúmeras formas de entretenimento desassociadas ao hábito de consumo que podem muito bem divertir e ainda estimular outras formas de prazer. Sim, é possível comemorar sem a presença de drogas.   



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