quinta-feira, 12 de maio de 2016

A Importância da Enfermagem no Tratamento da Dependência Química

O enfermeiro tem papel fundamental, pois acompanha todo o processo de recuperação.
 
Conceituada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno bio-psico-social, a dependência química é uma doença comportamental que pode ser causada tanto por drogas lícitas (álcool, medicamentos) como ilícitas (maconha, cocaína, crack, ecstasy, entre outras).
 
Devido às características da doença, é preciso abordagem e tratamento multidisciplinares. E o profissional da Enfermagem, nesse contexto, tem papel fundamental, pois acompanha todo o processo de recuperação, começando pela desintoxicação, passando pela complexa fase de abstinência, questões físicas e emocionais, entre outras.
 
Sendo assim, para que a sua função seja exercida de maneira correta e a assistência aos pacientes seja eficaz, adequada e humana, o profissional precisa superar qualquer preconceito existente, devido ao seu importante papel de educador em saúde. “Reconhecer o outro como sujeito é uma imposição para quem deseja exercer a assistência ao usuário de drogas”, afirma Marcelo Antocheski, enfermeiro da Clínica Nova Esperança.
 
A Enfermagem é uma profissão com amplas possibilidades de acesso aos indivíduos envolvidos com substâncias químicas. Estar presente em todas as fases do tratamento é o que caracteriza a importância da inclusão do enfermeiro nas estratégias de enfrentamento. Segundo Antocheski, indivíduos que fazem uso de drogas tendem a desenvolver múltiplos problemas físicos, como emagrecimento precoce, destruição cartilaginosa nasal, entre outras complicações.
 
Por esta razão, o conhecimento dos profissionais da enfermagem sobre o assunto facilita o enfrentamento dos pacientes durante o tratamento, uma vez que durante a recuperação há um difícil período de abstinência, fase em que a falta da droga pode causar alterações de humor, podendo levar o paciente a desistir do tratamento.
 
Ao atuar com dependentes químicos, o enfermeiro deve praticar modos de cuidar que sejam resolutivos, sem perder a característica humana no processo. Na escuta de histórias de vida que são relatadas, por exemplo, o enfermeiro é capaz de reconhecer os problemas relacionados ao uso de drogas, bem como realizar o acolhimento e sensibilização.
 
Diante de todas as complexas questões envoltas no fenômeno das drogas, a identificação dos princípios que norteiam as concepções dos enfermeiros é fundamental, pois permite a análise e compreensão de sua atuação diante do problema.
 
 
Perfil dos pacientes ao longo dos anos
 
Nos 27 anos de história, a Clínica Nova Esperança já atendeu 5550 pacientes, apenas na modalidade de internamento. Nos primeiros oito anos, os pacientes eram dependentes de uma única droga, ou no máximo, de duas: álcool e cocaína, normalmente. No período de 1994 para 1995, a instituição começou a receber pacientes usuários de crack. A partir do final dos anos 1990 e início do século XXI, a idade dos dependentes químicos passou a ser cada vez menor. “Já recebemos pacientes muito comprometidos até com 12 e 13 anos”, conta Aracélis Canelada Copedê, diretora geral.
 
Atualmente, o perfil é outro: a maioria é dependente de múltiplas drogas. Com o advento do crack, a estrutura física da Clínica teve que ser remodelada. Sendo assim, hoje, lidamos com uma população mais agressiva e com síndrome de abstinência mais dolorosa, o que interfere no relacionamento e na convivência entre pacientes e profissionais, em especial da Enfermagem.
 
 
Informação e educação como formas de combate
 
Cerca de 10 a 15% da população mundial nasce com uma predisposição a desenvolver a dependência química, uma doença que não diferencia gênero, classe social, nem raça. Os problemas decorrentes do uso indiscriminado de drogas estão bastante notórios, com efeitos e consequências se alastrando por diferentes fatores na sociedade. Para compreender a dimensão do problema, é preciso que o tema seja mais abordado e discutido, para levar informações para as pessoas sobre o real risco das drogas, diminuindo assim o preconceito e contribuindo com a questão da reintegração dos dependentes químicos na sociedade. É um desafio que não cabe somente aos profissionais da enfermagem, mas sim a toda a sociedade.

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