terça-feira, 10 de junho de 2014

Álcool, o “vilão legal”

O consumo de drogas e álcool aumenta a cada dia, tornando-se um problema social, pois as consequências do uso e abuso das substâncias estão relacionadas a diversos fatores. O álcool é uma substância lícita, mas não deixa de ser uma droga que, como tantas outras, acarreta inúmeros problemas. Podemos considerá-lo também como a porta de entrada para as demais drogas ilícitas. As crianças e adolescentes, geralmente, começam a beber nas próprias casas ou muito próximo a elas. Por isso, o desafio é grande, pois lidamos com um “vilão” legalmente permitido. São poucos os que se preocupam quando um filho adolescente chega em casa alcoolizado. Já se tiver vestígios de uma substância ilícita, a conduta de pais, amigos, professores, etc., é diferente.
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2012) do IBGE, realizada com escolares de 13 a 15 anos, mostra que o contato com o álcool acontece cada vez mais cedo. Do total, 66,6% já haviam experimentado alguma bebida alcoólica e 21,8% já tiveram casos de embriaguez. Vale ressaltar que 31,7% dos adolescentes de 15 anos afirmaram ter ingerido a primeira dose com 13 anos ou menos A região Sul se destacou na maioria dos indicadores, apresentando índices maiores do que em outras regiões do país. A Organização Mundial da Saúde apontou que, no Brasil, cerca de 3,3 milhões de pessoas morreram em 2012 em decorrência do abuso do álcool.
Os dados acima são apenas alguns dos que aparecem nas várias pesquisas que apontam um resultado em comum: o uso e abuso de álcool e outras drogas estão aumentando e surgindo cada vez mais precoce. É o que vemos acontecer na Clínica Nova Esperança no decorrer dos anos. A partir do final dos anos 1990 e início do século XXI, cada vez menor foi ficando a idade dos pacientes que já se apresentavam dependentes. Já recebemos pacientes muito comprometidos de 12 e 13 anos. Hoje, a maioria deles é dependente de múltiplas drogas. Inclusive, com o advento do crack a estrutura física da Clínica teve que ser remodelada. Sendo assim, hoje, lidamos com uma população mais agressiva e com síndrome de abstinência mais dolorosa. Atualmente, os casos de pacientes que chegam em estado de surto psicótico é grande em todas as faixas etárias.

A raiz do problema é o abuso do álcool, inclusive entre crianças e adolescentes. A dependência química é uma doença que afeta o indivíduo nos aspectos físico, emocional e social. Sabe-se que de 10 a 15% da população mundial nascem com uma predisposição genética a desenvolver a dependência química. Portanto, teremos um desafio muito grande a encarar no tocante à prevenção do uso e abuso do álcool.

Nenhum comentário:

Postar um comentário